quarta-feira, 10 de março de 2010

Organizando a bagunça grega.

Conversando hoje com um amigo sobre a situação da Grécia e o atual nível das bolsas mundiais, principalmente a brasileira, fui motivado a escrever esse post sobre políticas Macroeconômicas.
Iniciamos a conversa com um comentário dele a respeito da possível dissolução da zona do Euro e conseqüente abandono da moeda comum, cenário que, na minha opinião, é de remota realização.

Quais são as opções de ajuste na economia grega? Vou tentar responder esse pergunta com o auxilio do modelo desenvolvido por Mundell-Fleming-Dornbusch. Mundell, para quem não conhece, é o economista americano que formulou o Euro. O modelo explica os efeitos da adoção de políticas fiscais e monetárias na taxa de juros e produto de equilíbrio no curto prazo.

Num pais como o nosso, com a adoção de um câmbio flutuante, o ajuste na economia é dado principalmente através da desvalorização da moeda que funciona  como um amortecedor para choques externos, isso é, o câmbio desvalorizado traz um aumento das exportações e retração das importações, o que expande a demanda agregada e garante um ajuste natural para o equilíbrio da economia. Na Grécia esse ajuste através de uma desvalorização cambial não é possível, devido à adoção de uma política monetário comum definida pelo Banco Central Europeu.

Outra maneira de trazer a economia para o seu ponto de equilíbrio seria através de uma política fiscal contracionista, que se baseia na diminuição dos gastos públicos e aumento de impostos. Isso resolveria o problema dos credores(Alemanha e França), entretanto, traria sérias conseqüências no nível de atividade do país, o que, politicamente, é uma decisão muito difícil de ser aplicada.

Sem soluções técnicas de desvalorização de sua moeda (Política Câmbial) ou a adoção de uma política monetária expansionista como foi adotada nos EUA, como será resolvido o problema grego?

O déficit grego hoje passa de 12% ao ano e sua relação dívida/PIB está efetivamente próxima de 150% do PIB, o que gera um aumento de risco e conseqüente aumento de spreads para rolagem de sua dívida, gerando mais pressão para uma eminente reestruturação de sua dívida, que provavelmente terá que ser custeada pelos seus principais credores de dentro do bloco.

A situação não é nada fácil, na minha opinião a solução passará por uma inevitável reestruturação articulada pela Alemanha e por  bancos da região, o país terá que fazer seu dever de casa e se adequar a uma nova realidade, entretanto, a roda da economia continuará girando e bolhas maiores continuarão a inflar.

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