sábado, 13 de março de 2010

Impacto do pacote de ajuda para a Grécia sobre seus investimentos

Quais serão os impactos da implantação de um plano de ajuda financeira para a Grécia sobre seus investimentos? Resposta: Nenhum.

Antes que alguns leitores fecham esse post e comecem a achar alguma incoerência em minha resposta baseada nos posts anteriores, deixem-me explicar.

Hoje explanarei um pouco sobre as expectativas do mercado e como estas influenciam os preços dos ativos. Alguns conhecidos de vez em quando me perguntam por que determinada ação esta caindo se ela acabou de anunciar um lucro. A resposta para esta pergunta esta na expectativa que o mercado tinha para aquele ativo, se o investidor esperasse um determinado lucro e esse lucro foi a metade de suas expectativas, o preço desse ativo terá que ser corrigido para baixo diminuindo seu valor de mercado mesmo que essa empresa tenha anunciando um lucro. Da mesma forma, se as expectativas do mercado para um determinado ativo sejam de um determinado prejuízo e ela anuncia um prejuízo substancialmente inferior, o valor desse ativo será corrigido para cima, mesmo a empresa apresentando um prejuízo.

Todos os ajustes de preços decorrentes de um pacote de ajuda para a Grécia já foram precificados, o mercado já incorporou a ajuda no preço dos ativos, portanto, o eventual anúncio deve ter um efeito nulo sobre os mercados, entretanto caso as medidas anunciadas se mostrarem insuficientes poderemos observar uma nova realização.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Organizando a bagunça grega.

Conversando hoje com um amigo sobre a situação da Grécia e o atual nível das bolsas mundiais, principalmente a brasileira, fui motivado a escrever esse post sobre políticas Macroeconômicas.
Iniciamos a conversa com um comentário dele a respeito da possível dissolução da zona do Euro e conseqüente abandono da moeda comum, cenário que, na minha opinião, é de remota realização.

Quais são as opções de ajuste na economia grega? Vou tentar responder esse pergunta com o auxilio do modelo desenvolvido por Mundell-Fleming-Dornbusch. Mundell, para quem não conhece, é o economista americano que formulou o Euro. O modelo explica os efeitos da adoção de políticas fiscais e monetárias na taxa de juros e produto de equilíbrio no curto prazo.

Num pais como o nosso, com a adoção de um câmbio flutuante, o ajuste na economia é dado principalmente através da desvalorização da moeda que funciona  como um amortecedor para choques externos, isso é, o câmbio desvalorizado traz um aumento das exportações e retração das importações, o que expande a demanda agregada e garante um ajuste natural para o equilíbrio da economia. Na Grécia esse ajuste através de uma desvalorização cambial não é possível, devido à adoção de uma política monetário comum definida pelo Banco Central Europeu.

Outra maneira de trazer a economia para o seu ponto de equilíbrio seria através de uma política fiscal contracionista, que se baseia na diminuição dos gastos públicos e aumento de impostos. Isso resolveria o problema dos credores(Alemanha e França), entretanto, traria sérias conseqüências no nível de atividade do país, o que, politicamente, é uma decisão muito difícil de ser aplicada.

Sem soluções técnicas de desvalorização de sua moeda (Política Câmbial) ou a adoção de uma política monetária expansionista como foi adotada nos EUA, como será resolvido o problema grego?

O déficit grego hoje passa de 12% ao ano e sua relação dívida/PIB está efetivamente próxima de 150% do PIB, o que gera um aumento de risco e conseqüente aumento de spreads para rolagem de sua dívida, gerando mais pressão para uma eminente reestruturação de sua dívida, que provavelmente terá que ser custeada pelos seus principais credores de dentro do bloco.

A situação não é nada fácil, na minha opinião a solução passará por uma inevitável reestruturação articulada pela Alemanha e por  bancos da região, o país terá que fazer seu dever de casa e se adequar a uma nova realidade, entretanto, a roda da economia continuará girando e bolhas maiores continuarão a inflar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Estratégias com Contratos Futuros

Contratos Futuros Ibovespa

Um contrato futuro do Ibovespa é negociado na BM&F e é o representativo da “cesta” de ações do Ibovespa mais uma taxa de juros até o dia do seu vencimento. As partes assumem compromisso de compra e venda baseadas em um preço futuro – o compromisso futuro conta com ajustes diários do valor dos contratos.
O Índice Bovespa é representado por uma pontuação que varia conforme o desempenho das cotações das ações que compõem o índice. A negociação é feita em pontos. Cada ponto equivale a R$1,00 com lote mínimo de 10 contratos.
O contrato de índice futuro padrão é formado pela sigla “IND”, seguido pelo mês de vencimento e ano.
G = Fevereiro; J = Abril, M = Junho, Q = Agosto, V = Outubro, Z = Dezembro
Existe também a possibilidade da negociação de mini-índices. O código do mini-índice é “WIN”. Ele equivale a 20% da pontuação do índice cheio e não existe lote mínimo de negociação.

Estratégias Utilizando Contratos Futuros

As estratégias envolvendo os contratos futuros são bastante semelhantes as usadas nos contratos a termo, Segue abaixo um exemplo prático da utilização de contratos futuros para eliminar o risco de mercado de uma carteira.

Setor/Empresa
Cód.
Preço Atual
Preço Alvo Valuation
E(Retorno) Valuation
Beta
Peso
DP Mensal








Petrobras
PETR4
R$ 31,64
R$ 40,50
24,69%
1,12
39,50%
11,06%
Vale
VALE5
R$ 32,46
R$ 37,10
13,36%
0,99
-4,90%
9,48%
Itausa PN 
 ITSA4
R$ 9,66
R$ 12,19
23,26%
0,74
21,60%
8,00%
ALL America Latina
ALLL11
R$ 11,78
R$ 17,00
36,68%
0,96
15,92%
11,74%
Randon Part PN
RAPT4
R$ 11,57
R$ 13,50
15,43%
1,25
7,00%
12,47%
Rossi Resid    
RSID3
R$ 10,74
R$ 12,50
15,18%
1,47
7,00%
21,76%
Anhanguera Unit 
AEDU11
R$ 18,20
R$ 25,90
35,28%
1,82
13,88%
16,00%
Ibovespa
IBOV
R$ 54.891,34



100,00%
7,52%

Gestão de Risco
Setor/Empresa
Cód.
Preço Atual
Valor de Mercado
DP(P) a.m
9,49%




Beta (P)
1,15
Petrobras
PETR4
R$ 31,64
R$ 71.644,97
E(P) a.a
27,00%
Vale
VALE5
R$ 32,46
-R$ 8.879,93
E(P) a.m
2,01%
Itausa PN 
 ITSA4
R$ 9,66
R$ 39.174,21
VaR 90% a.m
-10,15%
ALL America Latina
ALLL11
R$ 11,78
R$ 28.872,62
VaR 95% a.m
-13,60%
Randon Part PN
RAPT4
R$ 11,57
R$ 12.696,61
VaR 99% a.m
-20,06%
Rossi Resid    
RSID3
R$ 10,74
R$ 12.696,61
Anhanguera Unit 
AEDU11
R$ 18,20
R$ 25.175,00
Hedge com Contratos Futuros
Ibovespa
IBOV
R$ 54.891,34
R$ 181.380,08
Valor de Mercado
R$ 181.380,08
Ibovespa
54891,34
Ibovespa Mini
10978,27
No de Contratos
19,00
Posição Protegida
R$ 208.587,09
Posição Protegida %
115,00%

terça-feira, 2 de março de 2010

Clima do Mercado

Estava conversando hoje via msn com alguns amigos que trabalham em tesourarias e mesas de operações em grandes instituições financeiras sobre o clima de negócios observados pelos mesmos e me chamou a atenção uma analogia feita por um colega:

 

“O mercado financeiro passou por um incêndio devastador em 2008. O FED e os bancos centrais das maiores economias do mundo foram chamados para apagar o fogo, que naquele momento poderia devastar toda a economia mundial, as medidas surtiram efeito e o pior passou, mas, como em qualquer incêndio de grandes proporções, ficam chamas acesas que caso não sejam completamente apagadas podem realimentar o fogo.”

 

As chamas acesas que ainda podem realimentar o fogo foram denominadas de PIGS (trocadilho das inicias de países com graves problemas fiscais na Europa que em inglês significam porcos), são eles Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha que em inglês se escreve com S.

No ápice da crise com a quebra do Lehmam Brothers alguns analistas, entre os quais eu me incluo, anunciaram o fim dos tempos, a década perdida ou qualquer outro nome que nos remeta ao que de pior poderia acontecer.

 

Graças a Deus, eu e vários colegas estávamos errados, acredito que subestimei o poder da descomunal injeção de liquidez no sistema, o que distorceu e acredito que até certo ponto ainda distorce os preços da maioria dos ativos financeiros no mundo.

Aprendi nas minhas aulas de economia e finanças que o valor de um ativo esta diretamente relacionado com as expectativas de crescimento econômico e que crescimento baseado em déficits fiscais ocasionará um menor crescimento no futuro, o que podemos facilmente concluir que o remédio que salvou a paciente hoje pode matá-lo amanha.

 

Concluo o post de hoje ratificando minha posição e expectativas em relação ao mercado financeiro, vou tentar ser o mais direto e objetivo possível. Não recomendo entrar no mercado no atual nível de preço, para quem já esta com posição comprada recomendo fazer um hedge parcial lançando opções de compra, tentem diversificar bem a carteira e evitem correr riscos específicos desnecessários.

 

Walter Forte, 01/03/2010

 

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